Infância Roubada
Uma gangue de meninos de rua à solta na cidade grande, ociosos, abandonados à própria sorte. Uma mistura de miséria, violência, ódio, trapaça, humilhação e solidão, valentia, fraternidade, sonhos. Pense em uma obra assim. Lembrou-se de pixote, a lei do mais fraco, filme de Hector Babenco de 1981? Ou de cidade Deus (2002), de Fernando Meirelles, baseado no romance do escritor Paulo Lins? Pois, quase meio século antes deles, houve Capitães da areia, de Jorge Amado.
A primeira obra a escancarar o universo da delinquência juvenil no Brasil provocou reações exacerbadas assim que saiu só prelo. Publicado em 1937, Pouco depois da instauração do Estado Novo, o livro foi lançado sob o prenúncio da inovação e da polêmica, o que gerou uma resposta política imediata por parte das autoridades. A primeira edição foi apreendida, e 808 de seus exemplares, queimando em praça pública na capital baiana, Salvador, na presença de membros da comissão de busca e Apreensão de Livros. Os livros eram ‘‘simpatizantes do credo comunista’’, segundo o jornal Estado da Bahia de 17 de dezembro daquele ano.
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